A infecção do trato urinário (ITU) é uma das causas mais comuns de infecção na população geral. Particularmente as mulheres são mais vulneráveis, sobretudo porque possuem menor extensão anatômica da uretra do que os homens, e maior proximidade entre a vagina e o ânus. Porém, os homens também são acometidos, principalmente quando há doença prostática associada. Dada a sua importância, veja abaixo algumas questões sobre o tema.
ITU é definida pela presença de agente infeccioso na urina, em quantidades superiores a 100.000 unidades formadoras de colônias bacterianas por mililitro de urina (ufc/ml). A infecção urinária pode ser sintomática ou assintomática, sendo chamada neste último caso, de “bacteriúria assintomática”. A ITU pode acometer somente o trato urinário baixo, sendo chamada de “cistite”, ou afetar também o trato urinário superior (infecção urinária alta), sendo chamada de “pielonefrite”.
Os sintomas na cistite e pielonefrite são diferentes. Na cistite, há geralmente dor ao urinar, urgência para urinar, aumento da frequência do desejo de urinar, e dor suprapúbica (na parte inferior do abdome). A febre, na maior parte das vezes, não está presente. O que pode ocorrer, é alteração do odor, aspecto e cor da urina, embora nem sempre. Já na pielonefrite, que se inicia habitualmente após um quadro de cistite, ocorre frequentemente febre alta (geralmente superior a 38°C), associada a calafrios e dor lombar de um ou de ambos os lados. Febre, calafrios e dor lombar formam a tríade de sintomas característicos da pielonefrite, estando presentes na maioria dos casos.
A causa infecciosa na maior parte das vezes é bacteriana, podendo porém, ser causada por fungos. Quando adquirida na comunidade, a ITU é geralmente causada pela bactéria Escherichia coli (70% a 85% dos casos), seguido por outros tipos como o Staphylococcus saprophyticus, espécies de Proteus e de Klebsiella e o Enterococcus faecalis. Já quando adquirida em ambiente hospitalar, os agentes são bastante diversificados, predominando as enterobactérias, embora a E. coli também seja uma das mais frequentes.
No caso da cistite, geralmente são necessários (1) Urina rotina, (2) Urocultura (Exame definidor do diagnóstico), e (3) Antibiograma. Estes dois últimos exames permitem saber qual a bactéria específica está acometendo o paciente, e a qual antibiótico ela é sensível. Mesmo que o tratamento seja iniciado antes dos seus resultados, o médico poderá confirmar ou modificar sua decisão inicial, com respaldo adequado.
No caso da pielonefrite, além destes exames já citados, podem ser necessários outros exames: Hemocultura e exames de imagem (Ultrassonografia, Tomografia computadorizada ou Ressonância Magnética). Reforçando que sempre, o exame clínico pelo médico é fundamental para fundamentar a hipótese diagnóstica.
A escolha da terapia antimicrobiana para a ITU depende da apresentação da infecção, ou seja, compatível com cistite ou pielonefrite. Depende também da pessoa afetada (idosos, mulheres gestantes, adultos, crianças), do agente infeccioso, e da própria evolução do quadro clínico. Portanto, para decisão do tratamento, o médico baseia-se em dados laboratoriais e clínicos.
Podemos destacar:
Quanto aos fatores relacionados às complicações da infeccção urinária, destacam-se mulheres gestantes, pacientes diabéticos, e pacientes submetidos à procedimentos urológicos.
A cistite não tratada adequadamente pode evoluir para pielonefrite. Esta, por sua vez, pode ser grave, podendo levar à sepse e óbito, inclusive.
Para mulheres gestantes é importante redobrar a atenção, com as recomendações acima descritas;
Para pacientes idosos, é importante ressaltar que os sintomas podem ser precedidos ou camuflados por sonolência, alterações da consciência, inapetência, e queda do estado geral.