SAÚDE

Transtornos mentais: seus sinais e como tratá-los

Muitas pessoas sofrem com transtornos mentais. Dados da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) sugerem que 30% da população das Américas teve ou terá algum transtorno mental. No Brasil, estimativas recentes mostraram que os transtornos de depressão e ansiedade respondem, respectivamente, pela quinta e sexta causa de anos vividos com incapacidade.Explicamos abaixo alguns dos transtornos mentais mais comuns e como tratá-los. 



Fobia específica



É um tipo de transtorno de ansiedade definido como um medo/aversão extrema e irracional de algo. Quem desenvolve essa doença provavelmente tem uma sensação de pavor ou pânico ao se deparar com uma situação ou objeto específico. A condição prejudica física e psicologicamente a pessoa, pois a pessoa se torna incapaz de enfrentar algumas situações diárias.



As fobias específicas são categorizadas em cinco tipos: de animais (cães, cobras, aranhas, insetos); de eventos naturais (relâmpagos, tempestades, água); de injeção ou situações que envolvam sangue; situacionais (aviões, elevadores, direção, locais fechados); e outras —como evitar situações que podem levar a um engasgo, vômito ou contrair um vírus/doença.



Sintomas físicos



Ao se deparar com a situação que causa fobia, a pessoa pode sentir o coração acelerado, dificuldade para respirar, tremores, suor excessivo, náuseas, boca seca e aperto ou dor no peito. Sintomas emocionais: ansiedade ou medo, sentimento de impotência para superar ou receio em perder o controle. Como tratar: geralmente é indicado a psicoterapia cognitiva comportamental, em que pode ser aplicada uma técnica chamada exposição e prevenção de respostas. Em casos mais graves, o paciente também pode usar medicação.



Fobia social



Para pessoas com fobia social (também chamada transtorno de ansiedade social), atuar em público causa uma ansiedade intensa. Isso acontece em situações cotidianas que envolvem interação social, pois quem tem esse tipo de fobia tende a temer julgamento, critica ou alguma possibilidade de ser ridicularizado. Um exemplo é a perspectiva de se alimentar na frente de outras pessoas em um restaurante, uma experiência comum para grande parte das pessoas, mas que pode ser assustadora para quem tem fobia social. No Brasil, um dado divulgado no Congresso Brasileiro de Psiquiatria de 2017 estima que 13% da população possua o transtorno.



Sintomas físicos



Transpiração excessiva, tremores, gagueira, náusea ou diarreia (ocorrem quando a pessoa se depara com a situação). 



Sintomas emocionais



Ansiedade, angústia, preocupação excessiva por acreditarem que poderão fazer ou falar coisas erradas e evitação constante de situações cotidianas por temer agir de forma humilhante ou constrangedora. 



Como tratar



Acompanhamento psicológico e, em casos graves, medicação. A principal delas é o uso de antidepressivos.



TAG (Transtorno de ansiedade generalizada)



A TAG é diferente dos sentimentos normais de ansiedade. Sua principal característica é uma preocupação intensa e persistente sobre situações normais e cotidianas. Quem tem este tipo de transtorno pode se preocupar incontrolavelmente com algo, várias vezes ao dia, mesmo que não haja motivo real para isso. Essa preocupação excessiva e irreal pode ser assustadora e interferir nos relacionamentos e nas atividades diárias. A condição pode ocorrer de forma generalizada (o mais comum) ou em picos (ataques de pânico). 



Sintomas físicos



Dificuldade de concentração e de dormir, tensão muscular, dores de estômago ou diarreia repetidas, suor nas mãos, tremores, batimento cardíaco acelerado e até reações neurológicas como dormência ou formigamento em diferentes partes do corpo.



Sintomas emocionais



Irritabilidade, fadiga e exaustão. 



Como tratar



Terapia psicológica para enfrentar as ideias de ansiedade, com estratégias de enfrentamento, meditação Mindfulness que auxilia no processo de redução da ansiedade global e medicamento antidepressivo que ajuda a reduzir a percepção de ansiedade.



TOC (Transtorno obsessivo - compulsivo)



O TOC é um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos recorrentes e desagradáveis (obsessões) e comportamentos repetitivos ritualizados (compulsões), voltados para a redução do desconforto associado a tais pensamentos. Estudos estimam que no Brasil existam entre 3 a 4 milhões de pessoas com esse quadro.



Quem tem TOC pode até reconhecer que seus pensamentos obsessivos e comportamentos compulsivos são irracionais, mas não consegue resistir e se libertar. Esse tipo de transtorno, que acomete cerca de 1,5% da população, faz com que o cérebro fique preso em um pensamento ou desejo específico. Os casos clássicos têm início na infância, mas este tipo de transtorno pode se desenvolver com idade mais avançada associado ao quadro depressivo.



Sintomas:



O TOC pode ser identificado por meio de algumas categorias de sinais: Excesso de limpeza: medo de contaminação, compulsão por limpar ou lavar as mãos. 



Verificadores: aqueles que confirmam repetidamente as coisas (forno desligado, porta trancada), associando a possíveis danos ou perigo. 



Duvidosos e pecadores: acreditam que tudo deve ser feito de maneira certa, pois caso contrário algo terrível pode acontecer como punição. 



Excesso de organização: obcecados por ordem e simetria, podem até desenvolver superstições sobre números, cores ou arranjos. 



Acumuladores: se jogarem algo fora, temem que algo ruim possa acontecer.



Como tratar



Geralmente é indicada a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que pode condicionar ao enfrentamento do medo e dos pensamentos obsessivos, sem enfrentá-los por meio de compulsões. Também pode ser indicado um tipo de medicamento antidepressivo para ajudar a reduzir a percepção de ansiedade.



Depressão maior



É o tipo mais popular, também conhecida como depressão clássica ou unipolar. A OMS aponta que em 2017 a incidência do quadro de depressão maior era de 5,8% dos brasileiros. Também é uma das maiores causas de afastamento definitivo do trabalho em todo o mundo e em suas formas mais graves associa-se ao risco de suicídio.



Sintomas físicos



A depressão maior possui sintomas que podem ir de leves ao grave, podendo durar semanas ou até meses como alterações de sono e de apetite, baixo nível de energia, dores no corpo de forma inexplicável, como dor de cabeça e dor muscular, dificuldade de pensar ou de se concentrar. 



Sintomas emocionais



Alterações de humor como tristeza persistente, falta de interesse ou prazer nas coisas, pessimismo, sentimentos de inutilidade e desesperança, preocupação e ansiedade constantes.



Como tratar



Psicoterapia, medicamentos antidepressivos, terapia cognitivo-comportamental (TCC), terapia eletroconvulsiva (ECT) e tratamentos naturais, sendo que o plano de tratamento será diferente para cada pessoa, dependendo das necessidades individuais e classificação entre depressão leve, moderada ou grave.



Distimia



Quem sofre de distimia pode ser visto como sombrio, pessimista ou queixoso, quando na realidade está lidando com uma doença mental crônica. O transtorno depressivo persistente ou distimia pode não parecer tão intenso, mas prejudica os relacionamentos e dificulta as tarefas diárias.



Uma de suas características mais conhecidas é o mau humor, por isso o diagnóstico pode ser demorado porque confunde-se como uma característica de personalidade. Este mau humor, no entanto, deve ser persistente e estender-se por mais de um ano, ocorrendo sem um motivo específico. Alguns pacientes dizem que sentem que sua vida ocorre como se tivessem puxado o freio de mão, nunca se sentem leves.



Sintomas físicos



Mudanças no apetite, alterações nos padrões de sono, baixa energia, problemas de concentração e memória. 



Sintomas emocionais



Tristeza profunda ou desesperança crônica; baixa autoestima ou sentimentos de inadequação, irritabilidade ou impaciência e incapacidade de sentir alegria, mesmo em ocasiões felizes.



Como tratar



Antidepressivos e psicoterapia são os indicados para lidar com esse tipo de depressão.



Busque tratamento!



Ao notar qualquer dos sintomas acima, busque ajuda.  Ajuda psicológica é essencial para a melhora da sua qualidade de vida.